No sábado passado a intolerância fez mais vítimas na Europa. Foram assassinados uma pessoa que participava de um seminário sobre a liberdade de expressão e os limites da imprensa e o segurança da comunidade de Copenhagen, que guardava a entrada de uma sinagoga onde se celebrava um Bat Mitsvá. Cinco policiais ficaram feridos em consequência dos ataques, cujo perpetrador foi morto posteriormente pela polícia.
Repete-se a tragédia de Paris de semanas atrás, inclusive na reação dos políticos.
O primeiro ministro de Israel, Benjamim Netanyahu declarou mais uma vez que “o lugar dos judeus da Europa é o Estado de Israel” e reuniu o gabinete para estudar um plano de apoio à imigração dos judeus europeus.
A declaração de Netanyahu é completamente equivocada.
O Estado de Israel existe por que depois de séculos de tratamento como cidadãos de segunda categoria na Europa e no Islã, os judeus reivindicaram a igualdade.
O direito de serem iguais a todos os demais grupos nacionais do mundo resultou no Estado de Israel.
O direito a cidadania plena nos Estados onde vivem resultou na consolidação da democracia nestes países.
É impossível defender a legitimidade moral do Estado de Israel sem defender também a igualdade dos judeus em todas as partes do mundo.
Ao afirmar que os judeus não têm mais lugar na Europa o primeiro ministro de Israel está colocando em dúvida o fundamento central do Estado de Israel.
Temos o direito à vida na Dinamarca, na França, no Brasil e em Israel. Sem este reconhecimento inequívoco retornaremos à rotina de perseguições e degradações que marcaram a nossa história até a vitória do Iluminismo.
O florescimento dos judeus e do judaísmo dentro e fora do Estado de Israel fortalece os judeus, o judaísmo e a democracia em todos os quadrantes do mundo.
Netanyahu tem todo o direito de dizer que em sua opinião Israel é o melhor lugar para um judeu viver. Mas de forma alguma pode considerar que seja o único.
Raul Cesar Gottlieb
Diretor da Comissão de Assuntos Religiosos